PEQUENA TENTATIVA DE RETÓRICA
Contei a mesma história No mínimo mil vezes Com a nuvem ocultando a lua Com um olhar desesperado
Gritei, esbravejei, Reclamei e ameacei. O vento corta a noite Com uma foice partindo a minha voz
Sem outra opção, recorri à justiça. A qual, além de cega, escuta mal. Não deu outra, ninguém ouviu. A chuva desabou na favela deserta, gargarejando nos bueiros entupidos.
Agora só confio nas minhas próprias mãos, Para minha voz Não amanhecer morta.