No universo do caos Vivo, respiro Brinco de ser criança E finjo ser algo sobre-humano.
De dia tudo em paz, De noite, vem a pressão. É mais fácil se distrair em companhia, na luz Do que ficar sozinho na escuridão.
Na dor, escondo feridas e lamentos Em meio a moralismos e julgamentos, Defendendo o ego traiçoeiro Que protege a criança interior sem zelo.
Na busca de abraços, perdão, amor A responsabilidade fica toda para o exterior. Esqueço que para que venham visitas O lar precisa estar limpo, organizado e de portas bem abertas e vistas.
No universo do caos Me deparo com minhas sombras Que é só uma capa grossa Envolta da criança esquecida
Mudando o padrão da mente E permitindo acessar a cura Percebo que a expressão, a arte e a brincadeira À tona trás a voz da criança até o consciente.
E esse é só o início da jornada.
No universo do caos Não tenho mais o que temer Já que há apenas monstros imaginários Criados pela criança para se defender.
Se dou ouvidos a ela, Amar, respeitar e agregar à mim esse ser Trago a luz onde antes era dolorido e demonizado E permito que o meu mestre interno possa brincar e crescer.
No universo do caos, Recebo a dádiva de poder me curar Sou coração, sou espelho, sou humano. Sou ser divino buscando novamente voar.